grão

terra para prução de grãos


Algo semelhante ocorre com os outros insumos básicos, cujo exemplo mais característico é o minério de ferro, uma das mercadorias de mais baixo valor. Estados Unidos e China persistem na produção de aço com carvão mineral, transportando milhões de toneladas. Se a produção de aço fosse transferida para o Brasil o impacto global seria menor e o transporte, que consome combustível, seria imensamente menor. --como? Comprando o produto acabado, como é o caso da carne. O Brasil encontra alternativas promissoras na produção de metais valiosos como alumínio, zinco e estanho, os quais utilizam energia hidroelétrica, abundante na Amazônia. No entanto exporta minério, que abusa do transporte.
Em resumo: o confinamento de bois é uma atividade mais elaborada que permite a produção local, de forma descentralizada e com agregação de valor dos dois produtos, grãos e carne. Aliado a produção de alimentos e combustíveis alternativos integra inúmeras atividades em uma mesma área que se complementam, pela necessidade de rotação de culturas: cultivo e processamento industrial de alimentos, reforma de pastagens, criação de gado, cultivo grãos e alimentos e produção de biocombustíveis de forma descentralizada e local, por grandes e pequenos produtores em regime de parceria. Evita operações intermediárias de transporte de mercadorias de baixo valor em meios gastadores de energia. Em lugar de se confrontarem, como mutuamente exclusivos, os três objetivos podem ser atingidos simultaneamente por ser complementares em uma mesma área, disponibilizada pelas áreas de pastos degradados. Ao mesmo tempo a floresta seria preservada com a eliminação gradativa da criação ineficiente em regime extensivo.
A solução não está na melhora do transporte, mas na sua eliminação. Toda a infra-estrutura dos transportes -- que só vai servir a exportação de produtos primários (grãos e minérios) -- pode se tornar ociosa quando bens acabados forem produzidos localmente (carne e aço). Quando isso acontecer, os bens mais valiosos, com pouco conteúdo em material, serão transportados, para os quais a infra-estrutura atual é suficiente
SOJA COMO ALIMENTO DE ANIMAIS
Quando a atual crise das comodities é abordada genericamente nos organismos internacionais, os representantes dos diversos países utilizam a expressão “crise dos alimentos” -- um argumento diplomático mais visível e comovente, contraposto ao etanol -- para se referirem ao grão, milho e soja, que importam para alimentar animais. Ora, o grão não é, tipicamente, um alimento do ser humano. Ele os consome, em quantidade significativamente menor que os animais, é claro, na forma de cereais e em conjunto com outros alimentos energéticos. Guardadas as proporções, os animais é que são os grandes consumidores de grãos, especialmente os bovinos. Soja e milho concentram 82.4% da produção agrícola brasileira de 2008. Apenas 7.6% correspondem aos outros alimentos energéticos (Arroz, trigo, feijão, batata, mandioca e outros). Na verdade o mundo não carece de alimentos energéticos, mas de alimentos protêicos como a carne, especialmente a carne bovina, que não consegue produzir em quantidade satisfatória por insuficiência de terra combustível.
Se o temor é o de perder os fornecedores de grãos, isso já está acontecendo: ao melhorarem de vida, os asiáticos desejam pelo menos um décimo do consumo dos países industrializados (100 kg anual por habitante nos Estados Unidos), e não apenas alimentos energéticos como arroz, trigo e animais exóticos.
Paradoxalmente, os representantes dos países industrializados, presumivelmente mais cultos, parecem não levar muito a sério as questões ambientais (Estados Unidos, China) enquanto os representantes dos países em desenvolvimento são os que mais se preocupam. Em plena era da globalização, com as mudanças ocorrendo, problemas cruciais como “Aquecimento Global” e “O Fim dos Recursos Mundiais” - que são problemas de todos, mas não são de ninguem – encontra um tratamento paroquial, cada país buscando a solução de curto prazo para si próprio, que atenda seus interesses imediatos. Países industrializados parecem mais preocupados com o fim dos recursos mundiais, de curto prazo, do que com as mudanças climáticas, cujos efeitos são anunciados para o fim do século. Seu maior temor é de que países em desenvolvimento venham a utilizar energia da forma predatória, como eles o fizeram no passado e, com isso, tenham que compartilhar recursos escassos como petróleo para aquecimento de residências e, grãos para sustentar a produção de alimentos protêicos em seus países