sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O CULTO DO PLANEJAMENTO

HUGO SIQUEIRA


O desenvolvimento dos países industrializados de hoje aconteceu sob condições inteiramente diversas. Os conhecimentos da época eram escassos, de forma que, considerações de eficiência não eram relevantes (o problema não continha os clássicos limites das condições de contorno). As mudanças ocorriam em ciclos estáveis que cabiam dentro do prazo de vida de uma pessoa, no decorrer de um industrialismo, que durou cerca de 300 anos. Um exemplo: as locomotivas a lenha de 1950 eram verdadeiras fábricas ambulantes, devoradoras de lenha e a vapor, de rendimento baixíssimo para acionar pistões. Hoje, com as mudanças ocorrendo a ciclos cada vez menores, qualquer trabalho que leve mais de cinco anos, será obsoleto na publicação.

“Não há como preparar países para enfrentar a globalização da economia: não há um mundo previsível para o qual se possa preparar algum país. A todo o momento, através de retro-efeitos (feedback) a vida irá se transformando segundo uma lei geral de probabilidades (auto-regulação). A tecnologia, em sua permanente criatividade, levou de roldão a estabilidade cíclica dos sistemas simbólicos (arquiteturas puramente ideológicas)” (Malshall McLuhan).
Foi a estratificação do industrialismo que criou a necessidade de planejamento. O planejamento foi mais um instrumento de imobilização da vida (desestimulação da criatividade) que fator de reequilibração permanente. Os planos tinham por objetivo evitar a invenção. Velhos conceitos, puramente ideológicos (livre mercado, estatais, liberalismo), perderam totalmente o sentido com o fim das ideologias e o fim da história A palavra de ordem agora é “cooperação espontânea”. Como planejar um futuro, vivendo dentro das mudanças, que são verdadeiras mutações acontecendo e das quais não damos conta no tumulto das mudanças profundas?

A BANCARROTA DOS ESTADOS NACIONAIS

A atual crise vem demonstrando que os países não têm poder de ação relativamente às suas empresas transnacionais, cujos interesses se encontram mais fora de seus países de origem. Até países em desenvolvimento estão criando suas empresas Multiestatais (parece uma heresia): a Petrobrás, por exemplo. Os nacionalistas da Bolívia estão brigando com inimigos errados (Bush, que desocupa o cargo em dez meses), em lugar das “Trans”, como fizeram com relação ao Brasil, pervertendo o sentido do mercosul conforme fez o Índio e o bispo. O Mercosul, hoje, é uma mistura espúria de alucinados idealistas bolivarianos, todos iguais na pobreza e incapazes de constituir um bloco, impossível de acontecer. Aliás –como afirma o ditado caipira – “fazer sociedade com pobre, é o mesmo que pedir esmola pra dois”.
Essa era a tônica dos discursos da época dos grandes planos do sistema elétrico brasileiro, cujos preâmbulos se iniciavam com as afirmações: “para que o PIB cresça 8% a oferta de energia deve antes crescer 10%”, dando a entender uma estreita correlação entre o crescimento do PNB e a demanda de energia per cápita.

USO FINAL DE ENERGIA, VETORES ENERGÉTICOS

Entender o real significado de “economia no uso final de energia e escolha das alternativas promissoras e seus vetores energéticos”, cujo sentido parece claro por si mesmo, é de importância vital para compreender devidamente a que o professor Goldemberg está se referindo.
A mensagem é a seguinte: por melhores que sejam os planos econômicos, estes não levam em conta o grande número de variáveis intervenientes, principalmente as condições históricas imprevisíveis e probabilísticas.
“A pior forma de reacionarismo é não levar em conta o tempo e ficar estacionado em um passado, que não foi tão bom quanto idealizado hoje, e não pensar que as coisas mudam a todo instante. A característica mais importante de nossos dias é a ”mudança e a surpreendente velocidade com que verdadeiras mutações ocorrem”. Velhos padrões perderam o sentido, tudo é ao contrário. Só velhos princípios ainda permanecem. Por

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