segunda-feira, 6 de julho de 2015


CONCLUSÕES FINAIS Estamos em vias de incorrermos nos mesmos erros cometido nas décadas finais do século quando acreditamos demais no planejamento. Perdemos duplamente por não utilizarmos termoelétricas quando o petróleo estava barato (cinco dólares o barril). Em seguida pela tendência do planejamento energético ter sido concentrado em projetos de suprimento de energia em larga escala, especialmente as grandes usinas hidroelétricas de pequena altura e grandes vazões, que é o caso de Itaipu, Ilha Solteira, Jupiá, etc., consideradas, não sem motivo, “obras faraônicas”. A excessiva motorização de todas as usinas foi motivo de muitas críticas por não obedecerem a critério mais econômico do ponto de vista da capacidade instalada, isto é, quase todas as usinas concorrem de maneira proporcional no atendimento da demanda máxima do mercado. Seus fatores de capacidade são muito próximos, entre 0.4 e 0.55, que corresponde aproximadamente ao fator de carga do mercado de 0,55. Outro erro foi a não inclusão de termoelétricas nas fases intermediárias do sistema, o que permitiria melhor utilização das usinas hidroelétricas. Grandes usinas foram construídas para ficarem paradas, sem benefício algum: paradas ou não, os juros continuavam incorrendo (ver “Problemas de Investimento na Produção Energética”, 1975, do autor). A persistência em um sistema puramente hidroelétrico tornou o sistema elétrico excessivamente caro em termos de custo fixo. As conseqüências foram o elevado endividamento externo, submetido a políticas de juros variáveis durante o período Reagan (27% ao ano). Agora, é ao contrário: são nossas reservas que correm perigo. Como os picos de demanda não são constantes ao longo do tempo (dia, mês, ano decênios) e não coincidem com os máximos de vazão dos rios, que naturalmente decorrem de fenômenos climáticos imprevisíveis e probabilísticos, o critério adotado ao projetar cada usina, para ter o máximo de confiabilidade, foi o seguinte: Ao longo do tempo em que foram registradas as razões médias dos diversos rios da região, foi constatada a ocorrência de um período de cinco anos seguidos excessivamente secos, entre os anos de 1953 e 1956, que foi chamado de “Período Critico”. O projeto de cada usina tomou por base a probabilidade de que um período semelhante viesse a acontecer no futuro. A energia que cada usina poderia fornecer nos curtos picos de demanda (energia durante intervalos de tempo pequenos) elas foram equipadas com geradores e linhas de transmissão capazes de funcionar neste curto período com a potencias dos picos de demanda. Geralmente a capacidade instalada na usina é cerca de duas vazes e meio maior do que a potência requerida continuamente. Ora, se o sistema pudesse contar com usinas de reserva para serem acionadas nos períodos de pico, ou nas ocasiões de um período semelhante ao “período crítico” as usinas hidrelétricas poderiam ser mais bem dimensionadas. Como já tem capacidade instalada maior elas poderiam ser mais bem utilizadas para, por exemplo, não “verter” água. Pois bem: Se tivéssemos nos dado ao trabalho de registrar o que realmente aconteceu ao longo dos últimos 50 anos de funcionamento do sistema, chegaríamos a triste constatação de que a maioria das usinas “verteu” durante o pico. Águas em excesso que não passaram pelas turbinas, simplesmente porque não ocorreu o “período critico”. Enorme quantidade de energia não foi utilizada. Isso acontece por incompetência? Não: uma questão de critério apenas. Quantidades maiores de energia são perdidas todos os anos em quedas de águas não aproveitadas, sem que ninguém se dê conta disso. No presente, entretanto, os investimentos já estão feitos e as águas continuam rolando pelos vertedores nas noite, domingos, feriados e meses de pouca atividade econômica, tudo porque não existem termoelétricas para fornecer energia garantida nos períodos de seca prolongada (Problemas de investimento na Produção Energética, palestra no Instituto de Engenharia em maio de 1975, pelo autor).

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