segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

GUY SORMAN


Se for traçada uma curva de crescimento dos últimos 30 anos e, em paralelo, uma curva de desemprego, constata-se que as crises aumentam o desemprego, mas que as retomadas de crescimento não o reabsorvem completamente. As empresas em recessão conseguem um certo ganho de produtividade que fica difícil de ser identificado quando a conjuntura melhora. Dessa forma, se as recessões podem gerar um desemprego definitivo, o progresso técnico pode igualmente melhorar a produtividade. A globalização contribui para essa tendência pesada: os empregos transferidos dificilmente retornam. Em princípio, esses empregos perdidos serão recuperados por novos, mais complexos. Essa destruição criativa virtuosa necessita de uma mão-de-obra qualificada por novos meios: mas a inovação é mais acelerada que a educação; assim, o turno da noite, com um nível educacional mais baixo, é encontrado por toda parte onde existam menos trabalhadores empregados. Para se ater à teoria clássica, basta então que as remunerações baixem para que a oferta de emprego se ajuste à demanda; mas isso soa falso quando as normas dominantes de nossas sociedades excluem a flexibilidade dos salários. São raros os países que, em tempos de crise, escapam do desemprego. Menos ainda são aqueles onde os salários são flexíveis com consentimento, como na Coreia do Sul ou no Japão, onde os bônus são suprimidos e, por razões morais e legais, não se demite ninguém.

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