segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PORTEIRAS ESCANCARADAS


O APRENDIZ de FEITICEIRO A queda da sobretaxa ao álcool brasileiro ocorreu mais por pressão do contribuinte do que por ação efetiva do governo brasileiro. O congresso americano passou batido e a sobretaxa caiu automaticamente por decurso de prazo. E nem com isso aprendemos a lição: continuamos subsidiando diesel, álcool, e – pasmem! – a própria gasolina dos carros flex incentivados. E o pior: maior consumo de gasolina implica em maior consumo de álcool aditivado obrigatório (25%). De exportador de álcool anidro passaremos a importador de etanol de milho, doravante encarecido pela eliminação simultânea do subsídio ao consumidor americano. De tanto fazer mágica, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro tal como na fábula. Conseguimos inviabilizar, por alguns anos, a produção do álcool hidratado e o carro flex, criação genuinamente brasileira, tal como a jaboticaba que só dá por aqui. O que era um sonho, virou pesadelo. O etanol não consegue competir com o combustível fóssil - balizado pelo governo - e acaba sobrando nas bombas. “O governo deveria destravar o preço da gasolina e deixar os preços flutuarem. Só assim o etanol passaria a ser competitivo. Hoje, o etanol está amarrado ao preço da gasolina para o controle da inflação”. Com o fim das barreiras o Brasil passa a desfrutar de melhores condições para exportar etanol de cana, mas ironicamente num momento em que a produção nacional está em baixa. A quebra da safra de cana-de-açúcar este ano é estimada em 10%, só se prevendo uma recuperação plena a partir de 2014. Canaviais precisam ser renovados e ampliados e isto leva anos. Agricultura requer prazos biológicos, por isso é lenta por sua própria natureza. Novas usinas não podem surgir dum ano para outro. Exige planejamento antecipado. O que acabou foi álcool hidratado e o carro flex, criação genuinamente brasileira, como a jaboticaba que só dá por aqui. Muito mais importante é o anidro, de cana ou de milho, por isso compensa, mesmo com preço maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário